sábado, 27 de dezembro de 2014

Confiança Em Deus

Uma vez, havia uma discussão entre eu e um colega de classe, dizendo ser evangélico. Ele pregava muitas heresias, entre elas que, é permitido ter relações sexuais antes até de contrair matrimônio.
Depois de eu muito refutar tais teses, ele me desafiou: “prove para mim que alguém não pode transar antes de se casar! Isto nem na Bíblia tá!”

É lógico que a não permissão para ter relações sexuais antes do matrimônio em si está CLARAMENTE descrito na Palavra de Deus.

Em casa, clamei ao Senhor para que Ele me ajudasse a achar todas as passagens sobre tal assunto. Eu clamava ao Espírito Santo, mas não cri realmente que Ele me ouviria. Eu não confiei.
Clamei as mesmas palavras por umas três vezes, e então Deus me fez ver que eu estava com a Bíblia aberta exatamente onde estava relatado tal assunto. Depois de certo tempo, pensei: “poxa vida, é tão fácil eu crer num humano, mas em Deus é tão difícil!”

Deus me revelou que, confiança está ligada a diversos fatores. Ou seja, confiança é como “uma” com outras definições. Para ser mais didática e me aprofundar em tal assunto, começarei citando o dicionário Aurélio:
Confiar: 1. Ter confiança; ter fé, esperar. 2. Ter esperança (em alguém ou algo) 3. Comunicar em confiança.
Confiança: 1. Segurança íntima de procedimento. 2. Crédito, fé. 3. Boa fama. 4. Segurança que inspiram as pessoas de bom talento, discrição, etc.
Glória a Deus por tais direções!

I. Definições Para Fé


Note que, nas definições destas duas palavras aparece o termo “fé”. Não é uma fé humana, comum, que todos e qualquer um tem. Mas sim, uma fé que excede todo entendimento. Mas, afinal, o que é fé?
“Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos”.
                                                                                                         Hebreus 11.1

A fé, claro, é o primeiro tópico a ser abordado. Realmente, é difícil crer naquilo que não vemos, mas sim naquilo que vemos, podemos pegar. Segundo a Carta Magna de Deus, Ele deseja que nós tenhamos fé genuína, refinada pelo fogo, uma fé que nada mais é que, uma virtude, algo que move o cristão a ser crente em Deus. Fé esta descrita em 1 Pe 1:

7. Assim acontece para que a fique comprovado que a fé que vocês têm, muito mais valiosa do que o ouro que perece, mesmo que refinado pelo fogo, é genuína e resultará em louvor, glória e honra, quando Jesus Cristo for revelado.
8. Mesmo não o tendo visto, vocês o amam; e apesar de não O verem agora, crêem Nele e exultam com alegria indizível e gloriosa,
9. pois vocês estão alcançando o alvo da sua fé, a salvação de suas almas.
Ou seja, tudo começa em Cristo e termina em Cristo. Esta fé, traz salvação, e um mais profundo conhecimento de Deus. Em João 6, o versículo 47 atesta:
“Asseguro-lhes que aquele que crê tem a vida eterna”.

Quem tem fé e crê no Senhor terá as seguintes bênçãos:

Conhecerá o verdadeiro Caminho


“Disse-lhe Tomé: ‘Senhor, não sabemos para onde vais; como então podemos saber o Caminho?’ Respondeu Jesus: ‘Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim’”.
                                                                                                      João 14. 5-6.

Receberá a vida eterna


“Porque a vontade de meu Pai é que todo aquele que olhar para o Filho e Nele crer tenha a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia”.
                                                                                                      João 6,40.

Receberá o Espírito Santo, que testemunha sobre todas as coisas


“Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. Ele estava se referindo ao Espírito, que mais tarde receberiam os que Nele cressem. Até então o Espírito ainda não tinha sido dado, pois Jesus ainda não fora glorificado”.
                                                                                                      João 7. 38-39
“Quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Do pecado, porque os homens não crêem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e vocês não me verão mais, e do juízo, porque o príncipe deste mundo já está condenado”.
                                                                                                      João 16. 8-11

Será guiado à toda verdade


“Mas quando o Espírito vier, Ele os guiará a toda a verdade. Não falará de si mesmo; falará apenas o que ouvir, e lhes anunciará o que está por vir”.
                                                                                                        João 16,13

Será justificado pela fé


“Ora, o salário do homem que trabalha não é considerado favor, mas como dívida. Todavia, àquele que não trabalha, mas confia em Deus, que justifica o ímpio, sua fé lhe é creditada como justiça”.
                                                                                                        Romanos 4. 4-5

Será chamado filho de Abraão


“Portanto, a promessa vem pela fé, para que seja de acordo com a fraca e seja assim garantida a toda a descendência de Abraão; não apenas aos que estão sob o regime da Lei, mas também aos que têm a fé que Abraão teve. Ele é o pai de todos nós”.
                                                                                                        Romanos 4,16

Será filho de Deus e co-herdeiro com Cristo


“Pois vocês não receberam um espírito que os escravize para novamente temerem, mas receberam o Espírito que os torna filhos por adoção, por meio do qual clamamos: ‘Aba, Pai!’. O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos folhos de Deus. Se somos filhos, então somos herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, se de fato participemos dos seus sofrimentos, para que também participemos da Sua Glória”.
                                                                                                  Romanos 8. 15-17

II. Definições para Esperança


“Pois nada é impossível para Deus”
Lucas 1,37

Esperança esta que não frustra a confiança em Deus. Deus é capaz de mover céus e terras por causa de Seus Maravilhosos Propósitos (Ageu 1,6). Lembre-se do que Deus fez por Israel, quando o mesmo lutava para conquistar a terra prometida (vide Josué 10. 1-15). Ele parou o sol por cerca de 48 horas, ou seja, naquele dia não houve noite. Glória a Deus por isto!


III. Definições Para Comunicar 

em Confiança



Eu defini a palavra “confiança” no começo deste estudo para que o mesmo ficasse mais claro. Observe que, é descrito no título acima o termo “comunicar” ou seja, fazer saber, propagar, entendimento entre partes.
É preciso dizer:  “Jesus, eu confio em Ti”.

É preciso profetizar, testemunhar ao mundo da sua confiança na Providência Divina. Até porque Deus se chama Jeová Jiré, o Deus Provedor. Porém, tem que haver também prosseguir em uma vida em santidade.
Face nestas promessas maravilhosas, o cristão é convocado a crer, e ter o melhor. Se mesmo assim, você necessitar de ajuda, eis aí o consolo do Mestre Jesus em João 14. 13-14.

Ele lhe fará confiar Nele, se você pedir em Seu Nome, e assim, você terá quietude de coração.
                        Que O Senhor Jesus Te Abençoe!
Amém!
 **** Os versículos aqui usados foram extraídos da Bíblia NVI

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Ainda Existe Uma Cruz


Eu andava ultimamente muito triste, uma vez que certos comportamentos meus andavam aquém do idealizado na Bíblia. Enfrento minhas angústias, minhas tristezas, tentando lidar com meus sentimentos. Confesso que nem sempre é fácil - e o choro e a dor são inevitáveis -, mas hoje eu tive uma experiência com Deus nunca antes sentida por mim.

Antes de ir trabalhar, eu dobrei meus joelhos e comecei a pedir por misericórdia. Enumerei meus pecados, minhas angústias, tristezas, e pedi para Papai mudar o quadro da minha vida. Será que eu ia me dar bem nesta empreitada? Tenho consciência de como venho sendo cobrada, já que recebi porções grandiosas do Senhor por misericórdia.

E como eu disse no começo desse post, eu devo me comportar como Deus deseja, uma vez que Ele não me deu sabedoria para desperdiçá-la. Aí um ponto dolorido: querer fazer a vontade de meu Pai, mas nem sempre conseguir. Fazer aquilo que Ele me disse, agindo corretamente, mas muitas vezes eu O decepcionei e O magoei. É dolorido, é ruim desobedecer e quebrar a Aliança com Ele.

Muitas vezes eu parei e pensei: "eu não mereço passar por isso!" Mas, um dia Deus me disse: "Jesus também não merecia passar por isso, mas passou porquê era necessário!" Porque eu teria que chorar tanto por uma questão que não sai da minha mente, e consequentemente, do meu coração? Não sei. O que sei é que tenho sido trabalhada por Deus neste quesito.

Depois que terminei de orar, fui trabalhar meio abatida. Porém, a medida que a distância para chegar ao lugar onde trabalho diminuía, percebi meu coração mais leve. Glória a Deus, porque Ele ouviu-me e livrou-me destas angústias que não me deixavam estar em paz. Deus me mostrou um louvor, para me conscientizar. E confesso que estou mais forte para usar a sabedoria da melhor maneira.

O maior problema são os meus desejos desta Terra que batem de frente com os desejos do Espírito. Oh! Deus! Quantas coisas tentaram tomar o Teu lugar! E todas as vezes que acabo me dividindo, enfrento crises e mais crises. A minha luta é não permitir esses sonhos carnais tomarem conta de mim, e esta na verdade é a minha cruzSim, ainda existe uma cruz.


Ainda existe uma cruz pra você carregar
Não se deixe enganar, a porta é estreita
O caminho é árduo pra você trilhar
Não se deixe enganar, ainda existe uma cruz
Ainda existe um preço a pagar

Quem achar a sua vida a perderá
Quem perder sua vida por amor de mim a encontrará
Dia após dia negue-se a si mesmo
Dia após dia tome a sua cruz
Quem perder sua vida por amor de mim a encontrará


Disponibilizo agora o louvor para você que talvez tenha se identificado com esse momento:




Elmira Pasquini, Presidente do Portas Abertas No Brasil


Elmira Pasquini foi a pessoa que Deus usou para iniciar o trabalho da Missão Portas Abertas no Brasil. Hoje, aos 83 anos de idade, reside na cidade de Atibaia-SP. 

Elmira com o Irmão André no Brasil em 2003
Irmão André e Elmira.
Com o coração sempre comprometido com a obra missionária, Elmira nem imaginava o quanto o trabalho da Portas Abertas iria alcançar o todo o Brasil.
Ela foi convidada a participar de uma conferência da International Hospital Christian Fellowship (Aliança Cristã Hospitalar Internacional, IHCF), na Áustria, em 1972. Lá teve o primeiro contato com o famoso Irmão André, que conhecera somente através do livro O Contrabandista de Deus (Editora Betânia).

Você não orou o suficiente
Na ocasião, Elmira estava muito empolgada em conhecer de perto aquele que admirava, por atravessar as barreiras de perseguição em nome do evangelho. Logo na primeira noite, no entanto, ela foi convidada para participar de um grupo de oração durante a palestra do Irmão André.
Mesmo sem muito sucesso em escutar a preleção, Elmira teve a oportunidade de ouvi-lo orar por todos os que intercederam durante a pregação.
No dia seguinte, Elmira foi preparada, para finalmente aproveitar cada minuto das lições de vida do contrabandista de Deus, fundador da Portas Abertas.
Estando ainda na conferência, Elmira perguntou para o Irmão André: “Quando você irá para o Brasil?”. A resposta dele foi imediata: “Ore” – nada mais sábio para o momento.
Três anos depois, Elmira o encontrou novamente em outro congresso da IHCF, e perguntou-lhe sobre sua vinda ao Brasil, ao que ele responde: “Você não orou o suficiente”.
Dois anos mais tarde, em 1977, Elmira recebeu a informação que o Irmão André passaria pelo Brasil e falaria no Maracanã.
Elmira foi até o Rio de Janeiro e se deparou com um público mínimo, com menos de 100 pessoas. O Irmão André, lembra-se ela, falou com a mesma importância como se estivesse se dirigindo ao estádio lotado.
Desse evento, surgiu a oportunidade de Elmira conversar novamente com o Irmão André e marcar uma reunião em São Paulo.

Um clamor de mil vozes
Em um culto de sábado na Igreja Batista da Liberdade, São Paulo-SP, aconteceu um marco de oração pela Igreja Perseguida.
Alguns dias antes da visita do Irmão André à Igreja Batista da Liberdade, houve muita  expectativa e muita correria tentando mobilizar o maior número de pessoas possível para o evento.
Para surpresa de quase todos, mais de mil pessoas estiveram presentes. Elas se ajoelharam e clamaram em favor da Igreja Perseguida. Foi a primeira manifestação pública do coração brasileiro em favor dos cristãos perseguidos no mundo todo.
Na mesma noite foi levantada uma grande oferta em favor dos cristãos perseguidos que marcou também o compromisso financeiro da Igreja brasileira com a Igreja Perseguida. Naquela noite, milhares de brasileiros entenderam o que se passava ao redor do mundo, principalmente atrás da Cortina de Ferro, formada pelos países comunistas da Europa Oriental. Os brasileiros firmaram o compromisso de ajudar em oração e com recursos financeiros os cristãos perseguidos no mundo.

Finalmente, Missão Portas Abertas
Dali em diante, foram marcadas outras reuniões referentes à organização da Missão Portas Abertas. A reunião de organização da entidade se deu em 1º de maio de 1978, onde se determinou a diretoria nacional e os primeiros passos para continuar o trabalho.
Elmira fez parte da diretoria por pelo menos mais 3 anos. Depois disso, ela sentiu que era o momento de se dedicar ao trabalho que já vinha exercendo anteriormente com a União Médico-Hospitalar.
Em uma análise geral, Elmira conclui que foi instrumento de Deus para iniciar este projeto no Brasil e acredita que o Brasil também passará por momentos difíceis em relação à perseguição.
Ela admira muito a força dos jovens, trabalhando no underground (ministério de jovens da Portas Abertas), motivando jovens cristãos brasileiros a orar pelos cristãos perseguidos.
Não há limite de livros para escrever a respeito da linda história formada pelas vidas dos pioneiros da Missão Portas Abertas. Nossa maior gratidão é a Deus que nos permite conhecer os cristãos perseguidos e interceder por eles há, pelo menos, 32 anos no Brasil.


                                            Elmira no congresso Vamos Orar, em 2001
        Elmira no Congresso Vamos Orar, 2001.


Elmira na pose do novo secretário geral, em 2010

Esta entrevista foi publicada na revista Portas Abertas volume 28 nº5 ano 2010
Elmira foi entrevistada pela jornalista Priscila Slobodticov

terça-feira, 17 de julho de 2012

Cristãos Secretos


“É sabido que pelo menos metade de todos os muçulmanos que se convertem voltam para o islamismo. A solidão e a pressão da família e da comunidade e dos grupos islâmicos são simplesmente grandes demais... Eles são, em toda parte, intimidados e pressionados a voltar para o islamismo.”
A citação acima é do livro do Irmão André escrito com Al Janssen, "Cristãos Secretos".
O tema da Missão Portas Abertas para o ano de 2011 é: “Encontros com os Cristãos Secretos”. Mas existem cristãos secretos? Se existem, por quê? O que leva um novo convertido a não declarar publicamente sua nova fé em países do chamado “mundo muçulmano”? Quero apresentar aqui uma das razões para isso.
A citação acima retirada do livro Cristãos Secretos trás a nós um pouco da realidade vivida por novos convertidos do islamismo para o cristianismo em muitos países do norte da África, Oriente Médio e Ásia Central. Os laços familiares e comunitários são muito fortes nessas sociedades, especialmente nos países onde esses laços foram construídos e consolidados historicamente através da religião. Negar a fé islâmica não significa apenas deixar de ler o Alcorão (livro sagrado do Islamismo), de rezar cinco vezes por dia ou parar de frequentar a mesquita, mas significa também envergonhar a família diante da sociedade. Isso automaticamente destruirá relações as familiares e comunitárias.
É importante entender que antropologicamente falando, a família é a principal detentora dos princípios e deveres da fé, que é através de uma família bem estruturada e saudável que se pode construir uma comunidade e sociedade saudáveis. Segundo algumas passagens do Alcorão, quando um muçulmano constitui uma família, ele está cumprindo metade do seu dever religioso para com Deus, isso ressalta a importância do núcleo familiar.
Para muitos de nós do mundo ocidental, as relações íntimas, profundas e morais da comunidade foram substituídas por relações impessoais, formais e utilitárias da sociedade de massas, ou seja, aquilo que faço de bom ou de ruim não necessariamente trará benefícios ou prejuízos para a minha família ou comunidade.
Nas sociedades orientais ocorre o oposto disso, principalmente nos países predominantemente islâmicos, onde o conceito de comunidade está firmado acima de tudo na religião, conforme afirma o Dr Hammudah Abdalati (mestre em Estudos Islâmicos pela Universidade McGill e doutor em Sociologia pela Universidade de Princeton): “A base da comunidade no islã é o principio que designa a submissão voluntária à vontade de Deus, a obediência em Sua Lei, e o empenho na sua causa. Em resumo, uma Comunidade Islâmica só existe, quando alimentada e sustentada pela filosofia islâmica” (O Islam em Foco; 2010, p. 70).
O indivíduo numa sociedade muçulmana é criado e disciplinado nos princípios religiosos e não deve agir segundo suas própria convicções, mas segundo o conceito religioso de comunidade. Cada ato seu trará conseqüências para a sua família, comunidade e para a própria religião, como explica Abdalati: “O que se exige da Comunidade (Islâmica) no seu conjunto, exige-se igualmente de cada membro dela” (2010, p. 71). E é por isto que um muçulmano que se converte sofre tanta perseguição, a começar pela sua própria casa.
Nós que vivemos em países laicos temos plena liberdade de mudar de religião quando quisermos sem que isso traga consequências para a nossa família e comunidade, o que faço ou deixo de fazer (desde que não infrinja as leis) não diz respeito a ninguém.
Assim, é fácil perceber uma das razões pelas quais existem cristãos que praticam sua fé secretamente em alguns países do mundo muçulmano, pois, expor isso à comunidade ou a família trará consequências dolorosas como a quebra de vínculos afetivos, a rejeição de vizinhos e amigos e o isolamento social.
Marcelo Peixoto - Historiador

domingo, 15 de julho de 2012

Testemunho De Um Ex-viciado Em Pornografia



Jovem conta testemunho de como se livrou da pornografia sexual.

sábado, 14 de julho de 2012

As 95 Teses De Lutero


As 95 Teses de Martinho Lutero foram afixadas no dia 31 de outubro de 1517. Nelas, o monge Lutero convidava os teólogos católicos a uma discussão sobre penitência, indulgência e salvação pela fé. Lutero condenava em suas teses o que identificava como avareza e paganismo no seio da Igreja Católica, atacando a prática como um abuso. Veja abaixo as 95 teses.


1 Ao dizer: "Fazei penitência", etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência.

2 Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes).

3 No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula, se, externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne.

4 Por conseqüência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus.

5 O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou dos cânones.

6 O papa não pode remitir culpa alguma senão declarando e confirmando que ela foi perdoada por Deus, ou, sem dúvida, remitindo-a nos casos reservados para si; se estes forem desprezados, a culpa permanecerá por inteiro.

7 Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário.

8 Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos moribundos.

9 Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da morte e da necessidade.

10 Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas para o purgatório.

11 Essa erva daninha de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente dormiam.

12 Antigamente se impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como verificação da verdadeira contrição.

13 Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por direito, isenção das mesmas.

14 Saúde ou amor imperfeito no moribundo necessariamente traz consigo grande temor, e tanto mais, quanto menor for o amor.

15 Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a pena do purgatório, uma vez que estão próximos do horror do desespero.

16 Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semidesespero e a segurança.

17 Parece desnecessário, para as almas no purgatório, que o horror diminua na medida em que cresce o amor.

18 Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontram fora do estado de mérito ou de crescimento no amor.

19 Também parece não ter sido provado que as almas no purgatório estejam certas de sua bem-aventurança, ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza.

20 Portanto, sob remissão plena de todas as penas, o papa não entende simplesmente todas, mas somente aquelas que ele mesmo impôs.

21 Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgências do papa.

22 Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nesta vida.

23 Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, pouquíssimos.

24 Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena.

25 O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e paróquia em particular.

26 O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de intercessão.

27 Pregam doutrina humana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu].

28 Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, podem aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus.

29 E quem é que sabe se todas as almas no purgatório querem ser resgatadas? Dizem que este não foi o caso com S. Severino e S. Pascoal.

30 Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena remissão.

31 Tão raro como quem é penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é raríssimo.

32 Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de carta de indulgência.

33 Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Deus.

34 Pois aquelas graças das indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental, determinadas por seres humanos.

35 Não pregam cristãmente os que ensinam não ser necessária a contrição àqueles que querem resgatar ou adquirir breves confessionais.

36 Qualquer cristão verdadeiramente arrependido tem direito à remissão pela de pena e culpa, mesmo sem carta de indulgência.

37 Qualquer cristão verdadeiro, seja vivo, seja morto, tem participação em todos os bens de Cristo e da Igreja, por dádiva de Deus, mesmo sem carta de indulgência.

38 Mesmo assim, a remissão e participação do papa de forma alguma devem ser desprezadas, porque (como disse) constituem declaração do perdão divino.

39 Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo exaltar perante o povo ao mesmo tempo, a liberdade das indulgências e a verdadeira contrição.

40 A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências as afrouxa e faz odiá-las, pelo menos dando ocasião para tanto.

41 Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor.

42 Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma forma, ser comparada com as obras de misericórdia.

43 Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgências.

44 Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena.

45 Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.

46 Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgência.

47 Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação.

48 Deve-se ensinar aos cristãos que, ao conceder indulgências, o papa, assim como mais necessita, da mesma forma mais deseja uma oração devota a seu favor do que o dinheiro que se está pronto a pagar.

49 Deve-se ensinar aos cristãos que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por causa delas.

50 Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.

51 Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto - como é seu dever - a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extraem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.

52 Vã é a confiança na salvação por meio de cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas.

53 São inimigos de Cristo e do papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas.

54 Ofende-se a palavra de Deus quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do que a ela.

55 A atitude do papa é necessariamente esta: se as indulgências (que são o menos importante) são celebradas com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho (que é o mais importante) deve ser anunciado com uma centena de sinos, procissões e cerimônias.

56 Os tesouros da Igreja, dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo.

57 É evidente que eles, certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores não os distribuem tão facilmente, mas apenas os ajuntam.

58 Eles tampouco são os méritos de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam, sem o papa, a graça do ser humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano exterior.

59 S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra como era usada em sua época.

60 É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que lhe foram proporcionadas pelo mérito de Cristo, constituem este tesouro.

61 Pois está claro que, para a remissão das penas e dos casos, o poder do papa por si só é suficiente.

62 O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.

63 Este tesouro, entretanto, é o mais odiado, e com razão, porque faz com que os primeiros sejam os últimos.

64 Em contrapartida, o tesouro das indulgências é o mais benquisto, e com razão, pois faz dos últimos os primeiros.

65 Por esta razão, os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens possuidores de riquezas.

66 Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens.

67 As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças realmente podem ser entendidas como tal, na medida em que dão boa renda.

68 Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus e a piedade na cruz.

69 Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda a reverência os comissários de indulgências apostólicas.

70 Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que esses comissários não preguem os seus próprios sonhos em lugar do que lhes foi incumbido pelo papa.

71 Seja excomungado e maldito quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas.

72 Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador de indulgências.

73 Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de indulgências,

74 muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram defraudar a santa caridade e verdade.

75 A opinião de que as indulgências papais são tão eficazes ao ponto de poderem absolver um homem mesmo que tivesse violentado a mãe de Deus, caso isso fosse possível, é loucura.

76 Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos pecados veniais no que se refere à sua culpa.

77 A afirmação de que nem mesmo S. Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores graças é blasfêmia contra São Pedro e o papa.

78 Afirmamos, ao contrário, que também este, assim como qualquer papa, tem graças maiores, quais sejam, o Evangelho, os poderes, os dons de curar, etc., como está escrito em 1 Co 12.

79 É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa, insignemente erguida, equivale à cruz de Cristo.

80 Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes conversas sejam difundidas entre o povo.

81 Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que não seja fácil, nem para os homens doutos, defender a dignidade do papa contra calúnias ou perguntas, sem dúvida argutas, dos leigos.

82 Por exemplo: por que o papa não evacua o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas - o que seria a mais justa de todas as causas -, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica - que é uma causa tão insignificante?

83 Do mesmo modo: por que se mantêm as exéquias e os aniversários dos falecidos e por que ele não restitui ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto que já não é justo orar pelos redimidos?

84 Do mesmo modo: que nova piedade de Deus e do papa é essa: por causa do dinheiro, permitem ao ímpio e inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, porém não a redimem por causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta, por amor gratuito?

85 Do mesmo modo: por que os cânones penitenciais - de fato e por desuso já há muito revogados e mortos - ainda assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de indulgências, como se ainda estivessem em pleno vigor?

86 Do mesmo modo: por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos mais ricos Crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos esta uma basílica de São Pedro, ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?

87 Do mesmo modo: o que é que o papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à remissão e participação plenária?

88 Do mesmo modo: que benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como agora o faz uma vez, da mesma forma concedesse essas remissões e participações 100 vezes ao dia a qualquer dos fiéis?

89 Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do o dinheiro, por que suspende as cartas e indulgências outrora já concedidas, se são igualmente eficazes?

90 Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá-los apresentando razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e desgraçar os cristãos.

91 Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido.

92 Fora, pois, com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo: "Paz, paz!" sem que haja paz!

93 Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo: "Cruz! Cruz!" sem que haja cruz!

94 Devem-se exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas, da morte e do inferno;

95 e, assim, a que confiem que entrarão no céu antes através de muitas tribulações do que pela segurança da paz.

Data da última atualização: 29-09-2013.