quarta-feira, 18 de julho de 2012

Ainda Existe Uma Cruz


Eu andava ultimamente muito triste, uma vez que certos comportamentos meus andavam aquém do idealizado na Bíblia. Enfrento minhas angústias, minhas tristezas, tentando lidar com meus sentimentos. Confesso que nem sempre é fácil - e o choro e a dor são inevitáveis -, mas hoje eu tive uma experiência com Deus nunca antes sentida por mim.

Antes de ir trabalhar, eu dobrei meus joelhos e comecei a pedir por misericórdia. Enumerei meus pecados, minhas angústias, tristezas, e pedi para Papai mudar o quadro da minha vida. Será que eu ia me dar bem nesta empreitada? Tenho consciência de como venho sendo cobrada, já que recebi porções grandiosas do Senhor por misericórdia.

E como eu disse no começo desse post, eu devo me comportar como Deus deseja, uma vez que Ele não me deu sabedoria para desperdiçá-la. Aí um ponto dolorido: querer fazer a vontade de meu Pai, mas nem sempre conseguir. Fazer aquilo que Ele me disse, agindo corretamente, mas muitas vezes eu O decepcionei e O magoei. É dolorido, é ruim desobedecer e quebrar a Aliança com Ele.

Muitas vezes eu parei e pensei: "eu não mereço passar por isso!" Mas, um dia Deus me disse: "Jesus também não merecia passar por isso, mas passou porquê era necessário!" Porque eu teria que chorar tanto por uma questão que não sai da minha mente, e consequentemente, do meu coração? Não sei. O que sei é que tenho sido trabalhada por Deus neste quesito.

Depois que terminei de orar, fui trabalhar meio abatida. Porém, a medida que a distância para chegar ao lugar onde trabalho diminuía, percebi meu coração mais leve. Glória a Deus, porque Ele ouviu-me e livrou-me destas angústias que não me deixavam estar em paz. Deus me mostrou um louvor, para me conscientizar. E confesso que estou mais forte para usar a sabedoria da melhor maneira.

O maior problema são os meus desejos desta Terra que batem de frente com os desejos do Espírito. Oh! Deus! Quantas coisas tentaram tomar o Teu lugar! E todas as vezes que acabo me dividindo, enfrento crises e mais crises. A minha luta é não permitir esses sonhos carnais tomarem conta de mim, e esta na verdade é a minha cruzSim, ainda existe uma cruz.


Ainda existe uma cruz pra você carregar
Não se deixe enganar, a porta é estreita
O caminho é árduo pra você trilhar
Não se deixe enganar, ainda existe uma cruz
Ainda existe um preço a pagar

Quem achar a sua vida a perderá
Quem perder sua vida por amor de mim a encontrará
Dia após dia negue-se a si mesmo
Dia após dia tome a sua cruz
Quem perder sua vida por amor de mim a encontrará


Disponibilizo agora o louvor para você que talvez tenha se identificado com esse momento:




Elmira Pasquini, Presidente do Portas Abertas No Brasil


Elmira Pasquini foi a pessoa que Deus usou para iniciar o trabalho da Missão Portas Abertas no Brasil. Hoje, aos 83 anos de idade, reside na cidade de Atibaia-SP. 

Elmira com o Irmão André no Brasil em 2003
Irmão André e Elmira.
Com o coração sempre comprometido com a obra missionária, Elmira nem imaginava o quanto o trabalho da Portas Abertas iria alcançar o todo o Brasil.
Ela foi convidada a participar de uma conferência da International Hospital Christian Fellowship (Aliança Cristã Hospitalar Internacional, IHCF), na Áustria, em 1972. Lá teve o primeiro contato com o famoso Irmão André, que conhecera somente através do livro O Contrabandista de Deus (Editora Betânia).

Você não orou o suficiente
Na ocasião, Elmira estava muito empolgada em conhecer de perto aquele que admirava, por atravessar as barreiras de perseguição em nome do evangelho. Logo na primeira noite, no entanto, ela foi convidada para participar de um grupo de oração durante a palestra do Irmão André.
Mesmo sem muito sucesso em escutar a preleção, Elmira teve a oportunidade de ouvi-lo orar por todos os que intercederam durante a pregação.
No dia seguinte, Elmira foi preparada, para finalmente aproveitar cada minuto das lições de vida do contrabandista de Deus, fundador da Portas Abertas.
Estando ainda na conferência, Elmira perguntou para o Irmão André: “Quando você irá para o Brasil?”. A resposta dele foi imediata: “Ore” – nada mais sábio para o momento.
Três anos depois, Elmira o encontrou novamente em outro congresso da IHCF, e perguntou-lhe sobre sua vinda ao Brasil, ao que ele responde: “Você não orou o suficiente”.
Dois anos mais tarde, em 1977, Elmira recebeu a informação que o Irmão André passaria pelo Brasil e falaria no Maracanã.
Elmira foi até o Rio de Janeiro e se deparou com um público mínimo, com menos de 100 pessoas. O Irmão André, lembra-se ela, falou com a mesma importância como se estivesse se dirigindo ao estádio lotado.
Desse evento, surgiu a oportunidade de Elmira conversar novamente com o Irmão André e marcar uma reunião em São Paulo.

Um clamor de mil vozes
Em um culto de sábado na Igreja Batista da Liberdade, São Paulo-SP, aconteceu um marco de oração pela Igreja Perseguida.
Alguns dias antes da visita do Irmão André à Igreja Batista da Liberdade, houve muita  expectativa e muita correria tentando mobilizar o maior número de pessoas possível para o evento.
Para surpresa de quase todos, mais de mil pessoas estiveram presentes. Elas se ajoelharam e clamaram em favor da Igreja Perseguida. Foi a primeira manifestação pública do coração brasileiro em favor dos cristãos perseguidos no mundo todo.
Na mesma noite foi levantada uma grande oferta em favor dos cristãos perseguidos que marcou também o compromisso financeiro da Igreja brasileira com a Igreja Perseguida. Naquela noite, milhares de brasileiros entenderam o que se passava ao redor do mundo, principalmente atrás da Cortina de Ferro, formada pelos países comunistas da Europa Oriental. Os brasileiros firmaram o compromisso de ajudar em oração e com recursos financeiros os cristãos perseguidos no mundo.

Finalmente, Missão Portas Abertas
Dali em diante, foram marcadas outras reuniões referentes à organização da Missão Portas Abertas. A reunião de organização da entidade se deu em 1º de maio de 1978, onde se determinou a diretoria nacional e os primeiros passos para continuar o trabalho.
Elmira fez parte da diretoria por pelo menos mais 3 anos. Depois disso, ela sentiu que era o momento de se dedicar ao trabalho que já vinha exercendo anteriormente com a União Médico-Hospitalar.
Em uma análise geral, Elmira conclui que foi instrumento de Deus para iniciar este projeto no Brasil e acredita que o Brasil também passará por momentos difíceis em relação à perseguição.
Ela admira muito a força dos jovens, trabalhando no underground (ministério de jovens da Portas Abertas), motivando jovens cristãos brasileiros a orar pelos cristãos perseguidos.
Não há limite de livros para escrever a respeito da linda história formada pelas vidas dos pioneiros da Missão Portas Abertas. Nossa maior gratidão é a Deus que nos permite conhecer os cristãos perseguidos e interceder por eles há, pelo menos, 32 anos no Brasil.


                                            Elmira no congresso Vamos Orar, em 2001
        Elmira no Congresso Vamos Orar, 2001.


Elmira na pose do novo secretário geral, em 2010

Esta entrevista foi publicada na revista Portas Abertas volume 28 nº5 ano 2010
Elmira foi entrevistada pela jornalista Priscila Slobodticov

terça-feira, 17 de julho de 2012

Cristãos Secretos


“É sabido que pelo menos metade de todos os muçulmanos que se convertem voltam para o islamismo. A solidão e a pressão da família e da comunidade e dos grupos islâmicos são simplesmente grandes demais... Eles são, em toda parte, intimidados e pressionados a voltar para o islamismo.”
A citação acima é do livro do Irmão André escrito com Al Janssen, "Cristãos Secretos".
O tema da Missão Portas Abertas para o ano de 2011 é: “Encontros com os Cristãos Secretos”. Mas existem cristãos secretos? Se existem, por quê? O que leva um novo convertido a não declarar publicamente sua nova fé em países do chamado “mundo muçulmano”? Quero apresentar aqui uma das razões para isso.
A citação acima retirada do livro Cristãos Secretos trás a nós um pouco da realidade vivida por novos convertidos do islamismo para o cristianismo em muitos países do norte da África, Oriente Médio e Ásia Central. Os laços familiares e comunitários são muito fortes nessas sociedades, especialmente nos países onde esses laços foram construídos e consolidados historicamente através da religião. Negar a fé islâmica não significa apenas deixar de ler o Alcorão (livro sagrado do Islamismo), de rezar cinco vezes por dia ou parar de frequentar a mesquita, mas significa também envergonhar a família diante da sociedade. Isso automaticamente destruirá relações as familiares e comunitárias.
É importante entender que antropologicamente falando, a família é a principal detentora dos princípios e deveres da fé, que é através de uma família bem estruturada e saudável que se pode construir uma comunidade e sociedade saudáveis. Segundo algumas passagens do Alcorão, quando um muçulmano constitui uma família, ele está cumprindo metade do seu dever religioso para com Deus, isso ressalta a importância do núcleo familiar.
Para muitos de nós do mundo ocidental, as relações íntimas, profundas e morais da comunidade foram substituídas por relações impessoais, formais e utilitárias da sociedade de massas, ou seja, aquilo que faço de bom ou de ruim não necessariamente trará benefícios ou prejuízos para a minha família ou comunidade.
Nas sociedades orientais ocorre o oposto disso, principalmente nos países predominantemente islâmicos, onde o conceito de comunidade está firmado acima de tudo na religião, conforme afirma o Dr Hammudah Abdalati (mestre em Estudos Islâmicos pela Universidade McGill e doutor em Sociologia pela Universidade de Princeton): “A base da comunidade no islã é o principio que designa a submissão voluntária à vontade de Deus, a obediência em Sua Lei, e o empenho na sua causa. Em resumo, uma Comunidade Islâmica só existe, quando alimentada e sustentada pela filosofia islâmica” (O Islam em Foco; 2010, p. 70).
O indivíduo numa sociedade muçulmana é criado e disciplinado nos princípios religiosos e não deve agir segundo suas própria convicções, mas segundo o conceito religioso de comunidade. Cada ato seu trará conseqüências para a sua família, comunidade e para a própria religião, como explica Abdalati: “O que se exige da Comunidade (Islâmica) no seu conjunto, exige-se igualmente de cada membro dela” (2010, p. 71). E é por isto que um muçulmano que se converte sofre tanta perseguição, a começar pela sua própria casa.
Nós que vivemos em países laicos temos plena liberdade de mudar de religião quando quisermos sem que isso traga consequências para a nossa família e comunidade, o que faço ou deixo de fazer (desde que não infrinja as leis) não diz respeito a ninguém.
Assim, é fácil perceber uma das razões pelas quais existem cristãos que praticam sua fé secretamente em alguns países do mundo muçulmano, pois, expor isso à comunidade ou a família trará consequências dolorosas como a quebra de vínculos afetivos, a rejeição de vizinhos e amigos e o isolamento social.
Marcelo Peixoto - Historiador

domingo, 15 de julho de 2012

Testemunho De Um Ex-viciado Em Pornografia



Jovem conta testemunho de como se livrou da pornografia sexual.

sábado, 14 de julho de 2012

As 95 Teses De Lutero


As 95 Teses de Martinho Lutero foram afixadas no dia 31 de outubro de 1517. Nelas, o monge Lutero convidava os teólogos católicos a uma discussão sobre penitência, indulgência e salvação pela fé. Lutero condenava em suas teses o que identificava como avareza e paganismo no seio da Igreja Católica, atacando a prática como um abuso. Veja abaixo as 95 teses.


1 Ao dizer: "Fazei penitência", etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência.

2 Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes).

3 No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula, se, externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne.

4 Por conseqüência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus.

5 O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou dos cânones.

6 O papa não pode remitir culpa alguma senão declarando e confirmando que ela foi perdoada por Deus, ou, sem dúvida, remitindo-a nos casos reservados para si; se estes forem desprezados, a culpa permanecerá por inteiro.

7 Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário.

8 Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos moribundos.

9 Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da morte e da necessidade.

10 Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas para o purgatório.

11 Essa erva daninha de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente dormiam.

12 Antigamente se impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como verificação da verdadeira contrição.

13 Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por direito, isenção das mesmas.

14 Saúde ou amor imperfeito no moribundo necessariamente traz consigo grande temor, e tanto mais, quanto menor for o amor.

15 Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a pena do purgatório, uma vez que estão próximos do horror do desespero.

16 Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semidesespero e a segurança.

17 Parece desnecessário, para as almas no purgatório, que o horror diminua na medida em que cresce o amor.

18 Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontram fora do estado de mérito ou de crescimento no amor.

19 Também parece não ter sido provado que as almas no purgatório estejam certas de sua bem-aventurança, ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza.

20 Portanto, sob remissão plena de todas as penas, o papa não entende simplesmente todas, mas somente aquelas que ele mesmo impôs.

21 Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgências do papa.

22 Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nesta vida.

23 Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, pouquíssimos.

24 Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena.

25 O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e paróquia em particular.

26 O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de intercessão.

27 Pregam doutrina humana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu].

28 Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, podem aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus.

29 E quem é que sabe se todas as almas no purgatório querem ser resgatadas? Dizem que este não foi o caso com S. Severino e S. Pascoal.

30 Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena remissão.

31 Tão raro como quem é penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é raríssimo.

32 Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de carta de indulgência.

33 Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Deus.

34 Pois aquelas graças das indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental, determinadas por seres humanos.

35 Não pregam cristãmente os que ensinam não ser necessária a contrição àqueles que querem resgatar ou adquirir breves confessionais.

36 Qualquer cristão verdadeiramente arrependido tem direito à remissão pela de pena e culpa, mesmo sem carta de indulgência.

37 Qualquer cristão verdadeiro, seja vivo, seja morto, tem participação em todos os bens de Cristo e da Igreja, por dádiva de Deus, mesmo sem carta de indulgência.

38 Mesmo assim, a remissão e participação do papa de forma alguma devem ser desprezadas, porque (como disse) constituem declaração do perdão divino.

39 Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo exaltar perante o povo ao mesmo tempo, a liberdade das indulgências e a verdadeira contrição.

40 A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências as afrouxa e faz odiá-las, pelo menos dando ocasião para tanto.

41 Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor.

42 Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma forma, ser comparada com as obras de misericórdia.

43 Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgências.

44 Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena.

45 Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.

46 Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgência.

47 Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação.

48 Deve-se ensinar aos cristãos que, ao conceder indulgências, o papa, assim como mais necessita, da mesma forma mais deseja uma oração devota a seu favor do que o dinheiro que se está pronto a pagar.

49 Deve-se ensinar aos cristãos que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por causa delas.

50 Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.

51 Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto - como é seu dever - a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extraem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.

52 Vã é a confiança na salvação por meio de cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas.

53 São inimigos de Cristo e do papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas.

54 Ofende-se a palavra de Deus quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do que a ela.

55 A atitude do papa é necessariamente esta: se as indulgências (que são o menos importante) são celebradas com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho (que é o mais importante) deve ser anunciado com uma centena de sinos, procissões e cerimônias.

56 Os tesouros da Igreja, dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo.

57 É evidente que eles, certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores não os distribuem tão facilmente, mas apenas os ajuntam.

58 Eles tampouco são os méritos de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam, sem o papa, a graça do ser humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano exterior.

59 S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra como era usada em sua época.

60 É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que lhe foram proporcionadas pelo mérito de Cristo, constituem este tesouro.

61 Pois está claro que, para a remissão das penas e dos casos, o poder do papa por si só é suficiente.

62 O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.

63 Este tesouro, entretanto, é o mais odiado, e com razão, porque faz com que os primeiros sejam os últimos.

64 Em contrapartida, o tesouro das indulgências é o mais benquisto, e com razão, pois faz dos últimos os primeiros.

65 Por esta razão, os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens possuidores de riquezas.

66 Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens.

67 As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças realmente podem ser entendidas como tal, na medida em que dão boa renda.

68 Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus e a piedade na cruz.

69 Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda a reverência os comissários de indulgências apostólicas.

70 Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que esses comissários não preguem os seus próprios sonhos em lugar do que lhes foi incumbido pelo papa.

71 Seja excomungado e maldito quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas.

72 Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador de indulgências.

73 Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de indulgências,

74 muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram defraudar a santa caridade e verdade.

75 A opinião de que as indulgências papais são tão eficazes ao ponto de poderem absolver um homem mesmo que tivesse violentado a mãe de Deus, caso isso fosse possível, é loucura.

76 Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos pecados veniais no que se refere à sua culpa.

77 A afirmação de que nem mesmo S. Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores graças é blasfêmia contra São Pedro e o papa.

78 Afirmamos, ao contrário, que também este, assim como qualquer papa, tem graças maiores, quais sejam, o Evangelho, os poderes, os dons de curar, etc., como está escrito em 1 Co 12.

79 É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa, insignemente erguida, equivale à cruz de Cristo.

80 Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes conversas sejam difundidas entre o povo.

81 Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que não seja fácil, nem para os homens doutos, defender a dignidade do papa contra calúnias ou perguntas, sem dúvida argutas, dos leigos.

82 Por exemplo: por que o papa não evacua o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas - o que seria a mais justa de todas as causas -, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica - que é uma causa tão insignificante?

83 Do mesmo modo: por que se mantêm as exéquias e os aniversários dos falecidos e por que ele não restitui ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto que já não é justo orar pelos redimidos?

84 Do mesmo modo: que nova piedade de Deus e do papa é essa: por causa do dinheiro, permitem ao ímpio e inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, porém não a redimem por causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta, por amor gratuito?

85 Do mesmo modo: por que os cânones penitenciais - de fato e por desuso já há muito revogados e mortos - ainda assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de indulgências, como se ainda estivessem em pleno vigor?

86 Do mesmo modo: por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos mais ricos Crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos esta uma basílica de São Pedro, ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?

87 Do mesmo modo: o que é que o papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à remissão e participação plenária?

88 Do mesmo modo: que benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como agora o faz uma vez, da mesma forma concedesse essas remissões e participações 100 vezes ao dia a qualquer dos fiéis?

89 Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do o dinheiro, por que suspende as cartas e indulgências outrora já concedidas, se são igualmente eficazes?

90 Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá-los apresentando razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e desgraçar os cristãos.

91 Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido.

92 Fora, pois, com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo: "Paz, paz!" sem que haja paz!

93 Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo: "Cruz! Cruz!" sem que haja cruz!

94 Devem-se exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas, da morte e do inferno;

95 e, assim, a que confiem que entrarão no céu antes através de muitas tribulações do que pela segurança da paz.

Data da última atualização: 29-09-2013.

Disputa Na Terra Santa




“O que é mais sagrado? O Muro, a Mesquita, o Sepulcro? Quem tem direito? Ninguém tem direito, todos têm direito!... Defendemos esta cidade (Jerusalém) não para proteger as pedras, mas as pessoas que estão dentro dela”. Frase dita pelo personagem Balian (ator Orlando Bloom), no filme “Cruzada”,  título original, “Kingdom of Heaven” (2005).
Há séculos israelitas e árabes muçulmanos vivem no território do atual Estado de Israel, mais conhecido pela historiografia como Palestina. Estes povos coexistem até hoje no mesmo espaço geográfico considerado sagrado pelas religiões judaica, cristã e islâmica. Estas terras foram alvo de disputas e conquistas, ora por cristãos, ora por muçulmanos, durante boa parte da Idade Média em episódios conhecidos como Cruzadas.
As tensões existentes hoje entre israelenses e palestinos tiveram início muito antes da criação do atual Estado de Israel, mais precisamente no final do século 18, início do século 19, quando se passou a conceber na Europa a criação dos Estados Nacionais ou Estado-Nação. Um Estado-Nação tem como principio básico garantir a soberania política e militar de determinado povo com características e identidades singulares (cultural, histórica e étnica) dentro de determinado território. A partir dessa concepção surge entre os israelitas o movimento Sionista  e com ele o retorno de milhares deles ao lar de seus antepassados (Israel, Palestina). As atrocidades cometidas pelos nazistas contra judeus europeus durante a 2ª Guerra Mundial aumentou a pressão sobre as potências do Ocidente para a criação de um Estado-Nação para eles, e em maio de 1948 é declarada a criação do Estado de Israel. Após esse marco histórico para o povo israelita, árabes e israelenses se enfrentaram em sucessivas guerras (Guerra da Independência em 1948, Guerra dos seis dias em 1967 e Guerra do Yom Kippur em 1973), nas quais diversos países árabes tiveram participação ativa (Egito, Síria, Líbano, Transjordânia). Diversas resoluções da ONU foram criadas e acordos traçados (Camp David) para solucionar o impasse que gira em torno da questão da divisão do território entre palestinos e israelenses.
Este é um assunto complexo, do qual não sou um especialista, mas o fato é que esse conflito não gira apenas em torno da divisão de terras, mas também de questões religiosas, políticas e militares. Resumindo o que diz Marcio Scalercio no livro Oriente Médio (2003), publicado pela editora Campus: “Ainda que o governo de Israel entregue 95% dos territórios ocupados aos palestinos, não se empenharia em de fato conceder soberania político-militar a este povo. Já que seu domínio se mostra através dos check-points, do controle sobre os transportes e fornecimento de água e energia e do espaço aéreo”. Segundo este autor, todas essas condições fazem parte da pauta israelense para reconhecer o Estado Palestino e o povo palestino não está disposto a aceitar essas condições. Quem no lugar deles estaria disposto?
Por outro lado, a participação de grupos extremistas na política palestina, caso do Hamas, é um fator que dificulta em muito o reconhecimento do Estado Palestino. Israel teme que fora de seu domínio político-militar os palestinos (bem estruturados) se tornem mais um inimigo entre os muitos existentes no mundo árabe que desejam a destruição do seu Estado. Além disso, nos últimos 30 anos, as intifadas e revoltas geradas por grupos extremistas tem sido o principal pesadelo de Israel e dificultado os acordos de paz. O fato é que há intransigência tanto de um lado quanto de outro.
Ambos os lados tem suas razões para lutar pelo exercício dos seus direitos, ambos os povos têm o direito de viver em paz e dignamente naquele território. Nós, cristãos, não devemos agir com parcialidade. O propósito de nosso Senhor Jesus não é que judeus ou árabes dominem essas terras, pois Ele diz em Mateus 24.2:“Vocês estão vendo tudo isso? Eu lhes garanto que não ficará aqui pedra sobre pedra; serão todas derrubadas”. O propósito maior de Cristo é que toda a humanidade (gregos, romanos, judeus, árabes, etc.) se renda diante do incomparável amor de Deus (Romanos 14.11).

Marcelo Peixoto, historiador da Portas Abertas

Eu Sou Um Cristão Secreto



Neste vídeo, são mostrados um pouco dos sofrimentos dos nossos irmãos cristãos causados pela falta de liberdade religiosa nos países perseguidores.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Moda Evangélica Atualmente.

Culto na igreja Bola de Neve, que atrai jovens evangélicos na Lapa, em São Paulo (13/10/2011)
Culto na Igreja Bola de Neve.


Quando se fala em moda evangélica é difícil, para os que não vivem o dia a dia da igreja, fugir à mente a imagem da jovem escondida atrás de uma longa saia feita num tecido pouco trabalhado, de rosto limpo de qualquer maquiagem e cabelo longo preso em uma trança. Por anos, a imagem estereotipada da jovem evangélica tem sido pautada pela mulher submissa, escondida e pouco preocupada com questões de estilo. Mas os limites deste padrão vêm sendo alterados, principalmente pela presença cada vez mais forte de jovens dentro das igrejas.


A presença de jovens evangélicos na sociedade brasileira aumentou de 17,72% para 21,59% entre 2003 e 2009, um crescimento considerável quando comparado ao aumento do evangélico no Brasil como um todo, de 16,2% para 17,9% no mesmo período, de acordo com a pesquisa “O Novo Mapa das Religiões” publicada em agosto de 2011 pelo economista Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas. 

Embora não acredite que seja uma estratégia pensada por parte das igrejas neopentecostais (religiões evangélicas surgidas a partir dos anos 1970), o pastor Felipe Parente, da Igreja Bola de Neve, concorda que a flexibilidade em certas questões é um atrativo para o jovem se
juntar às religiões evangélicas. "Muito do que o jovem quer e acredita  está expresso na identidade de suas roupas e ele acaba indo para uma igreja em que se identifica com os outros membros, mesmo que essa identificação seja, a princípio, por meio das roupas", diz.

Exatamente por ser uma jovem comum e não querer ser rotulada apenas como evangélica é que a estudante Juliana Frade, 22, escolheu uma igreja um pouco mais liberal quando resolveu se converter. "Nossa principal regra é o bom senso. Sou básica e quase não tenho
restrições a nenhum tipo de roupa. Mas, dentro da igreja, acho que certas coisas não cabem, como batom vermelho", explica a jovem que frequenta a Igreja Renascer há dois anos e também é apaixonada por moda. Por conta desta paixão misturada a uma moral cristã, Juliana se nega a usar algumas tendências. "Não uso nada que deixe meu corpo exposto, como minissaia. Não acho bonito. Gosto de coisas que não deixam a mulher vulgar", diz.

 Em seu guarda-roupa, por exemplo, não entram as transparências do cetim e da seda. Mas e renda, como fica? "Só com alguma coisa por baixo", afirma. Para algumas tendências, a jovem dá seu 'jeitinho', como é o caso do shorts. "Quando está muito quente, não aguento e acabo usando comprimentos mais curtos. Mas, neste caso, sempre opto por uma blusa fechada, com manga 3/4", indica. Lição de moda aprendida para qualquer que seja a religião. E, se em alguns casos é possível ajustar a doutrina à moda do dia a dia, em outros, a fé fala mais alto. "Costumo evitar roupas com caveira, coruja ou olho grego, porque em muitas crenças dizem que estas imagens dão sorte e não acreditamos nisso", diz.

O jovem se expressar por meio das roupas não é uma novidade. "A moda jovem vai fazer parte da sociedade a partir dos anos 1960, com aquilo que foi chamado de antimoda, uma atitude de transgressão", explica o professor e historiador de moda João Braga. Ainda de acordo com o acadêmico, o jovem evangélico dialoga com a moda não apenas na forma das roupas. "É possível criar identificação com moda por meio dos tecidos,  texturas e principalmente das cores das roupas."

Foi justamente pensando em outras formas de identificação com moda que, há mais de 10 anos, o empresário Valdecir de Oliveira Corsi, criou, em Cianorte, no Paraná, sua primeira marca exclusiva de roupas femininas para mulheres evangélicas, a Marian. "Nasci dentro de confecção e, embora por algum tempo da minha vida tenha ficado longe de roupas, descobri minha vocação", diz ele. Evangélico, membro da Congregação Cristã do Brasil, uma das linhas mais conservadoras, Valdecir vem fazendo um trabalho de mapeamento das preferências da mulher evangélica. "Ela não gosta do vestido longo, mas gosta de comprimentos na altura do joelho. Já as meninas mais jovens, preferem roupas curtas, do tipo um palmo acima do joelho e saias bem rodadas", diz o empresário que se recusa a trabalhar com comprimentos míni. Outra paixão das evangélicas, segundo ele, são as rendas. "Peças que têm detalhes rendados costumam estourar nas vendas". No caso, o 'estouro' significa que vendeu mais de 350 peças. Para o inverno, a aposta de Valdecir é a imitação do couro. "São as peças mais procuradas pelas jovens". 

Voltando à família Corsi: os números vêm mostrando que o trabalho e o esforço ainda são uma boa receita mesmo em se tratando de fazer moda para determinado nicho. Com uma cartela de mais de mil clientes, vendendo para todo o país e apenas no atacado, além da Marian, o empresário criou, também em 2001, a Via Caruso, marca de roupa para mulheres evangélicas mais reservadas. E, há um ano, nasceu a Hapuk, a menina dos olhos de Valdecir, que foca na moda para jovens evangélicas. Sob sua chefia estão diretamente 50 funcionários, outros 100 trabalham indiretamente e, apenas no ano passado, o faturamento das três marcas esteve na casa dos R$ 8 milhões.

Fonte original: UOL.

Data da última atualização: 29-09-2013.